30 de outubro de 2008

Sobre o esquecer das coisas...

Comecei a esquecer coisas na mais tenra idade.

Primeiro foram objetos pessoais: o guarda-chuva, o dicionário de inglês embaixo da carteira da classe, o casaco, a sacola...

Às vezes eles voltavam para mim, outras vezes não.

Depois passei a esquecer coisas mais importantes, como documentos e papéis.

Então minha memória me pregou grandes peças e passei a esquecer coisas que havia acabado de fazer: o café com leite esquecido no parapeito da janela ou o potinho de iogurte abandonado pela metade dentro do guarda-roupa.

Pior eram as vezes em que eu nem me dava conta e andava com a pasta de dentes na mão e a deixava na cozinha. No dia seguinte eu esbravejava querendo saber quem era o imbecil que havia tirado a pasta de dentes do banheiro, sem me dar conta que o tal imbecil era eu.

Intrigante é lembrar de nomes, lugares e rostos de pessoas que ninguém consegue lembrar, mas esquecer de algo tão simples como o lugar onde deixei os óculos.

Grande incômodo é esquecer do que se precisa lembrar e lembrar de tudo que se quer esquecer...

Nenhum comentário: