Sobre o esquecer das coisas...
Comecei a esquecer coisas na mais tenra idade.
Primeiro foram objetos pessoais: o guarda-chuva, o dicionário de inglês embaixo da carteira da classe, o casaco, a sacola...
Às vezes eles voltavam para mim, outras vezes não.
Depois passei a esquecer coisas mais importantes, como documentos e papéis.
Então minha memória me pregou grandes peças e passei a esquecer coisas que havia acabado de fazer: o café com leite esquecido no parapeito da janela ou o potinho de iogurte abandonado pela metade dentro do guarda-roupa.
Pior eram as vezes em que eu nem me dava conta e andava com a pasta de dentes na mão e a deixava na cozinha. No dia seguinte eu esbravejava querendo saber quem era o imbecil que havia tirado a pasta de dentes do banheiro, sem me dar conta que o tal imbecil era eu.
Intrigante é lembrar de nomes, lugares e rostos de pessoas que ninguém consegue lembrar, mas esquecer de algo tão simples como o lugar onde deixei os óculos.
Grande incômodo é esquecer do que se precisa lembrar e lembrar de tudo que se quer esquecer...
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