Motivos pelos quais eu acho penoso viver.

1. O governo faz campanhas pelo uso de camisinha, não só no Brasil mas em qualquer lugar do mundo. Os adolescentes têm aulas de educação sexual na escola. Muitos deles sabem que a própria mãe os concebeu muito cedo, e, ainda assim, eles vão lá e engravidam de uma menina boba que não foi capaz de exigir a camisinha. Tudo isso, aos quatorze anos. E assim nasce mais um infeliz pra disputar emprego, disputar área verde e, mais futuramente, disputar água também. Acho válido as pessoas sonharem em ter um filho com a cara delas, a maioria quer ter um rebento. Mas, aí a ter cinco filhos, ser de baixa renda e não ter condições de dar educação de qualidade e etc. E se fosse por não ter dinheiro pra comprar a camisinha, mas não, o posto de saúde dá, de graça, é só ir lá e pegar e eles não pegam. E eles não usam. E aí o mundo fica com essa superpopulação absurda, gerando lixo, engarrafamento e falta de espaço pra andar numa simples calçada.

2. Vivemos em uma época de excesso de informação, a tecnologia substitui as coisas rapidamente. Antes os eletroeletrônicos, os carros e todas as coisas eram feitas com o intuito de durarem. As pessoas compravam uma televisão e demoravam cinqüenta anos pra ela estragar. Agora você compra uma televisão, não derrama água, limpa o pó que cai em cima dela toda semana, deixa ela longe do calor, longe do frio, enfim, você não é panssexual e nunca comeu a sua televisão. Mas do nada, num belo dia de verão, em que você resolve ligar o aparelho, ele não funciona mais. Então você leva pra consertar e descobre que o valor do conserto custa praticamente o valor de uma televisão nova. E você é obrigado a se desfazer dela. E pra onde ela vai? Ou alguém compra ela numa loja de eletroeletrônicos usados ou ela vai pro lixão, se juntar às outras cinqüenta mil televisões que foram jogadas fora.

3. Mesmo que um eletrodoméstico dure cinqüenta anos, as pessoas nunca estão satisfeitas com o liqüidificador que elas possuem, porque aquele que apareceu na televisão é mais bonito e mais moderno e elas podem dividir em cem suaves prestações. E o liqüidificador velho? Eles dão pra um parente pobre ou... ele vai pro lixão, mais uma vez.

4. Tudo é descartável. Os efetivos podem ser facilmente substituídos por estagiários. Aí quem já se formou não tem onde trabalhar. O cachorro pode ser facilmente substituído por outro quando aquele morre. A televisão é trocada. Não existe mais certeza em nada. Não existe mais apreço por coisa alguma. Enchem as cabeças das pessoas de sonhos, de que existe a perfeição, de que um dia qualquer pessoa pode ter tudo o que ela quiser. De que todos podem ser ricos. De que a desigualdade social um dia vai ser passado. E as pessoas acreditam. Aí quando dá tudo errado elas ficam frustradas, com depressão, com transtornos mentais, com câncer, com colesterol altíssimo e afins. E vão pra clínicas. E gastam dinheiro em cremes e tratamentos milagrosos, malham todo dia na academia. Mas quando chegam em suas casas estão sozinhas e tristes. E comem. Se entopem de comida como se aquilo fosse resolver os problemas. Depois ficam com remorso. E choram.

5. Ninguém mais quer trabalhar. Trabalhar é para os fracos. Todo mundo sonha em ser famoso, em ganhar dinheiro cantando, rebolando, participando de algum escândalo sexual envolvendo algum famoso, participar de reality shows. Agora até pessoas que não têm absolutamente nada de bonito conseguem uma grana pra posar nua (vide mulher melancia cara de Trakinas). E qualquer pessoa se elege pra "ajudar" a governar o país. Não existe ideologia. Não existe porcaria nenhuma. Existe o dinheiro e existe a fama. Ninguém mais se contenta em ser professor, caixa, bancário, cobrador de ônibus. As pessoas querem ser famosas, querem ter muito dinheiro. Querem uma vida que disseram ser possível na televisão.

6. A água tá ficando podre, a comida tá ficando tóxica, porque entopem as plantações de agrotóxico, as pessoas estão ficando mesquinhas e individualistas. Tudo funciona nos mesmos moldes do fast food. Fast love, fast sex, fast job, fast money.

7. As pessoas perdem tempo com coisas idiotas, como discutir se elas mantêm o trema ou retiram o trema. E elas perdem tempo e dinheiro com isso. E decidem tirar o trema. E milhões de pessoas são obrigadas a aprender a escrever sem o trema, fora outras regras que foram mudadas. E isso muda o país? E isso ajuda alguma coisa? Não. Só contribui pra que eu me torne uma velhinha que usa o trema e é chacota das pessoas mais novas por escrever "errado".

Enfim, tem tantos itens e tem tantas coisas que eu poderia citar mas é fato que não lembrarei de todas pra colocar aqui. Mas, afinal, quem é Deus? Ele existe mesmo? E se ele existe ele é tipo alguém que gosta de fazer as suas criações sofrerem pra conseguir as coisas? No pain, no gain? Ele é tipo um apresentador de programas televisivos de alta audiência e muita baixaria, que quer ver o circo pegar fogo? Eu prefiro acreditar na versão de que fomos desovados por ET's nesse planetinha. Até faria algum sentido.