16 de fevereiro de 2008

A vida

   Eu gosto de pensar no mundo como uma imensa bola, cheia de pessoinhas insignificantes que passeiam por sobre ela. Pessoinhas bestas. Umas acreditam ser superiores que as outras, mas todas nascem, crescem, algumas se reproduzem e depois morrem. E não vai importar de nada a quantidade de dinheiro que tiveram, a vida que levaram, nem os amigos que fizeram, porque todos vão morrer. A maioria vai passar a vida toda trabalhando igual condenado, sofrendo e pagando contas. Não existe coisa mais estúpida que a vida. Ela é banal, passa rápido e não te serve de nada. A melhor coisa pra se fazer com a própria vida é arrumar um meio dela passar mais rápido enquanto você tenta esquecer que está vivo.

   É muita estupidez pra agüentar. Marcas de roupa, padaria pra ricos, padaria pra pobres, banheiro de rico, banheiro de pobre, casa de rico, casa de pobre. O cocô de todos é fedido. Todos tem pereba, espinha e pêlo no sovaco. Todos correm o risco de pegar AIDS, desenvolver um câncer ou morrer atropelado. Mas insistem em separar todas as coisas.

   O mundo foi feito pra todos, mas você não pode viajar sem dinheiro e passaporte. O mundo foi feito pra todos, mas eu não posso visitar a Inglaterra sem um visto. Não posso entrar em uma boate de luxo vestida com roupas vagabundas.

   As pessoas têm o direito de ir e vir, mas não podem ir pra onde elas bem entenderem. Não podem entrar onde quiserem. E nem podem ir pra lugar algum sem dinheiro. De que vale a vida se nunca fomos nem nunca seremos realmente livres?

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