19 de fevereiro de 2008

Cabeça a ponto de explodir

        Nada que eu escreva aqui tem importância na vida de ninguém, mas muitas vezes o blog serve de terapia. Pelo menos depois que eu escrevo eu paro de pensar no que estava pensando. Dou uma descansada pra cabeça.

        Bem, tudo o que vou escrever hoje vai soar meio ou totalmente idiota pra quem eventualmente entrar aqui e ler. Talvez eu precise de um psiquiatra. Mas eu acredito ser mais lúcida que um deles.

        Quando eu era criança, na maioria das vezes antes de dormir, eu ficava pensando algo que toda criança já pensou: Legal, Deus criou Jesus e criou todo mundo e todas as coisas. Mas quem criou Deus?

        E eu ficava pensando e pensando e pensando então começava a me dar uma angústia de não poder responder aquela pergunta, me dava desespero e eu acabava indo dormir com dor de cabeça.

        Quando crescemos aprendemos a sobreviver com isso. Nós apenas nos conformamos que devemos crer em Deus e que ele é "invisível", pois se não crermos na existência dele, ele também não vai "crer" em nós na hora da nossa morte. Ótimo.

       

        Depois de um tempo, se você for uma pessoa que duvida de tudo, vai começar a se questionar sobre milhares de outras coisas. E continuar duvidando que Ele exista. Bem, pelo menos para os céticos.

        Eu sou daquele tipo que só acredita vendo. E Ele nunca apareceu pra mim. Hoje essa pergunta e esses questionamentos a respeito da real existência Dele, culminam na minha cabeça com outros pensamentos, que eu tenho desde os 15 anos, mais ou menos. O que eu vou ser quando crescer?

        Bem, cedo ou tarde todos acabam descobrindo. Eu não descobri até agora. Quando pensei que havia descoberto, descobri que não sabia.

        E nos últimos meses descobri coisa pior. Tenho desespero em me imaginar em um emprego comum, com cartão-ponto, com hora marcada, olhando sempre para o rosto das mesmas pessoas e fazendo a mesma coisa.

        É medíocre viver assim. É medíocre passar uma vida inteira fazendo isso e acreditar que é normal e que todos estão destinados ao mesmo fim.

        E eu ando achando a vida medíocre, a vida das pessoas, pelo menos a maioria delas. Elas morrem sem realizar os sonhos. Elas seguem uma verdade que não existe. Chegam a certa idade e passam a aceitar tudo o que acontece e achar natural.

        Aí alguém vai dizer: mas elas precisam de dinheiro. Eu sei. Cristo! Eu sei disso. Mas eu não entendo toda essa gente, todos esses rostos tristes, esperando um milagre que elas morrem sem ver acontecer. E eu não tenho emprego. E eu não tenho dinheiro. E ninguém imagina que talvez eu não queira perder a vida atrás de algum balcão ou coisa assim.

        As pessoas não pensam em ser felizes. Elas só pensam em ter uma casa, um carro e em dinheiro para comprar coisas que elas nem sabem exatamente pra que servem.

        E sábado meu tio soltava uma ladainha da boca dele, a ladainha de idoso frustrado que não levou a vida que queria. Aquela ladainha de que "se eu pudesse voltar no passado faria tudo diferente". E que todos sabemos ser balela.

        O fato é que ele ficou repetindo que ele não estava afirmando que eu era preguiçosa, nem que eu queria ser sustentada pelos pais ou viver nas costas da irmã, mas que eu era jovem, bonita, que eu era tudo o que o mercado de trabalho precisava e que eu tinha que ir atrás de algo. Sempre usando o exemplo da minha irmã: duvido que você com 30 anos vai conquistar tudo o que ela conquistou.

        Será que alguém parou pra pensar que talvez não seja isso que eu queira? Que talvez eu só quisesse ser feliz? Será que a única coisa que importa nessa merda de planeta, que sei lá quem inventou, seja dinheiro?

        Eu sei que estou com 23 anos e que ninguém mais vai me sustentar além de mim mesma, mas é pecado sonhar que eu possa ter um destino diferente do que esses milhões de pessoas robôs, que acordam às seis da manhã e fingem que está tudo bem, que esqueceram as coisas nas quais elas acreditavam?

        Eu queria poder mandar as merdas dos meus cursos superiores pra puta que pariu. Mas eu não posso, o mundo inteiro ficaria contra mim, tanto a família, quanto desconhecidos que diriam: veja só as oportunidades que você tem em mãos, você não paga pelo seu estudo, olhe o quão privilegiada você é!

        Mas eu não vejo vantagem em nenhum deles a não ser o fato de que se um dia eu for presa vou pra uma sala especial. Isso é síndrome de Peter Pan ou será que eu apenas estou querendo ser livre, a meu modo, pra não ficar alienada como toda essa gente-robô que eu vejo por aí?

        Se tudo em que eu acredito é besteira, se eu tiver que ser como todos eles, se eu tiver que ganhar um maldito dinheiro e construir uma família como meta de vida, eu vou rezar pro tal de Deus pra me levar daqui o quanto antes, porque a pior tortura de uma pessoa deve ser virar robô como toda essa gente e passar a vida frustrado, assistindo televisão e comendo pão seco pela manhã.

        Eu posso ser qualquer coisa. Mas eu asseguro que louca eu não sou. E eu posso sonhar demais, mas prefiro sonhar a viver essa vida de merda que todos vivem.

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