30 de maio de 2007

Igualdade

É um novo dia.

Você vai pro trabalho.

Você já chega cansado e lembra:

Lembra, lembra, lembra que todo dia é assim.

Acordar, comer, escovar e cuspir.

Você lembra de todas coisas inúteis inventadas e como...

Como? De uma hora para outra elas passaram a ser úteis.

Você pensa na invenção do hambúrguer e fica imaginando se foi uma boa invenção mesmo.

Você sente frio, sente calor e analisa: droga, tempinho de merda!

Chega a parte em que você sabe que se estivesse casado, assistiria ao Jornal Nacional e sua mulher gritaria com as crianças, que às dez da noite ainda não teriam ido dormir.

Você pensa em como vai ser daqui a dez anos e chega à conclusão que vai ser igual.

Você vai levantar, molhar a cara velha e ir pro trabalho, o mesmo trabalho, talvez em outro lugar, mas a mesma rotina maçante.

E você vai pensar em uma época em que ainda conseguia rir. E vai perceber que os anos passam mas você não ganha aumento.

Então, um belo dia depois do trabalho você vai ficar analisando sua vida de frente pro espelho do banheiro e vai ver que foi só mais uma vida, como todas as outras, de todo mundo. Porque você não foi rock-star, nem ator, nem deputado, nem popular, nem inventar uma música idiota e grudenta você foi capaz. Você foi um número. Então você vai perceber a inutilidade humana e rezar pra que exista céu e lá seja um lugar bom.

Você deita na cama e dorme, sonhando com o céu, sem pensar na inutilidade de acordar no outro dia.

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