6 de janeiro de 2008

Família, família...

Família é um troço que a gente deveria ver uma vêz por mês, por uns três dias somente. Mais que isso é tentar suicídio. No primeiro dia puxam teu saco, ficam olhando pra você com admiração e pensando em "puxa, como meu filho cresceu, já é um moço (a)". No segundo dia eles te convidam pra ir ao cemitério "visitar a sua avó" (sic) e quando você responde: minha vó não está lá, eles começam a entrar em um discurso totalmente preconceituoso e hipócrita e quando você diz que rezar a gente reza em qualquer lugar você se torna um filho odiado, até você dizer: meu, como vocês são extremistas, hipócritas e preconceituosos e eles ficarem quietos pra não acontecer a terceira guerra mundial. É por isso que tem coisas que somos obrigados a omitir nessa vida. Eu não posso ter minha própria opção de crença. Pelo menos não enquanto estou com meus pais. Pra eles eu devo fingir que sou católica. Ainda bem que não sou homossexual porque se não nem falar comigo eles falavam. Onde está a liberdade das pessoas? Porra eu fico puta com esse mundo. Aliás, com meus pais tenho que controlar também os palavrões. Eu me pergunto porque as pessoas simplesmente não aceitam as outras do jeito que elas são, sem cobranças, sem preconceitos. Imagine se meu pais soubessem que o Deus no qual eu acredito é um cara legal e não o monstro que as religiões pregam. Um cara que pune, um cara que tem preconceitos e quer que sigamos uma cartilha que ele inventou. Pra mim Deus é um cara extremamente bom, compreensivo e que tem compaixão pelas suas crias. Um legítimo pai. E pai nenhum manda um filho pro inferno. Por isso também que não consigo acreditar em inferno. Acreditando ou não eu estaria fazendo as mesmas coisas que eu faço. É tudo tão contraditório que eu não consigo entender como as pessoas conseguem ser tão crentes nas coisas que as religiões passam a elas. Simplesmente não se questionam a respeito de nada. Eu fico puta em ter que esconder quem eu realmente sou e no que realmente acredito quando falo com meus pais. Só acho que liberdade é essencial e devemos acreditar no que queremos. E ponto final. Sem preconceitos e sem cobranças. Apenas com o carinho que existe entre pais e filhos. O problema é que isso não acontece e não é só comigo mas também com outras pessoas que eu conheço. Pra ser uma filha querida eu tenho que ir até um túmulo do cemitério e rezar uma oração católica decorada que não significa nada e fingir que eu acredito que a minha avó está presente naquele lugar. Isso se chama hipocrisia. E eu prefiro que briguem comigo a compactuar com isso. Estupidez. Família é boa até certo ponto e depende muito da família.

Nenhum comentário: