3 de março de 2007

História de uma arte

Ele a despia como se estivesse embalada em um papel de bala colorido e brilhante.

Ele a despia como se cada milímetro do corpo fosse uma porção de doce raro, um doce caro.

Despi-la era um trabalho agradável e bem pago.

Pago com o tão esperado recheio em que ele punha as mãos.

Ele a comia com vontade, com uma fome que só os que sentem fome têm.

A fome do desejo, que esquece de qualquer pudor.

Ele a comia e por vezes esquecia de encontrá-la por amor.

Ele a comia até matá-la de tanto ardor.

Até ressucitá-la vez ou outra em um sonho.

Até não sobrar mais nada.

Nem um pensamento ou outro.

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