História de uma arte
Ele a despia como se estivesse embalada em um papel de bala colorido e brilhante.
Ele a despia como se cada milímetro do corpo fosse uma porção de doce raro, um doce caro.
Despi-la era um trabalho agradável e bem pago.
Pago com o tão esperado recheio em que ele punha as mãos.
Ele a comia com vontade, com uma fome que só os que sentem fome têm.
A fome do desejo, que esquece de qualquer pudor.
Ele a comia e por vezes esquecia de encontrá-la por amor.
Ele a comia até matá-la de tanto ardor.
Até ressucitá-la vez ou outra em um sonho.
Até não sobrar mais nada.
Nem um pensamento ou outro.
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